Rio Peruaçu e povo Xakriabá ameaçados

Pavimentação da estrada que liga Cônego Marinho à Miravânia no Norte de Minas coloca em risco a sobrevivência do Povo Xakriabá.

Grande quantidade de água retirada do rio por caminhões pipa provoca danos ambientais, denunciam indígenas

É preocupante a situação em que se encontram as comunidades xakriabá do Peruaçu e Dizimeiro. Isso é o que afirma o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) de Itacarambi. O problema tem acontecido durante o processo de pavimentação do trecho da estrada que liga os municípios de Cônego Marinho e Miravânia, realizado pela construtora Empa. Grande parte da água utilizada na obra tem sido retirada de maneira intensa do Rio Peruaçu.
Segundo a comunidade xakriabá, a empreiteira tem retirado cerca de 30 caminhões pipa de água por dia, equivalente à aproximadamente 500.000 litros de água, o que está baixando significativamente o nível da água do rio de forma repentina. Além disso, como é instalado motor para a retirada da água, muito óleo tem derramado na água fazendo com que os peixes respirem nas margens do rio.
A poluição provocada pelo motor de sucção para o carro pipa é tamanha que está comprometendo as reservas (lagoas que abastecem o rio no período seco e servem como local de desova dos peixes), causando erosões e comprometendo todo um ecossistema, que contém veredas (partes alagadas) berço dos buritizeiros e várias outras espécies de plantas, aves e animais. 
Todos os impactos decorrentes da pavimentação desta estrada já foram alvo de intensas discussões com o poder público estadual, FUNAI e Ministério Público Federal, juntamente a representantes da construtora. No tocante à área de domínio dos indígenas Xakriabá, ainda não existe estudos sobre os impactos desse empreendimento sobre o território.
Na quinta feira (03), um grupo de lideranças xakriabá se reuniu no local para dar alguns encaminhamentos, como denúncias aos órgãos competentes. Os indígenas Xakriabá haviam dado um prazo de 24 horas para que a empresa apresente documentos que autorize o uso da água do Peruaçu para executar o serviço, porém o documento autoriza apenas 4% do que eles estão extraindo do rio, 25 vezes mais. A denúncia já foi feita à Funai e ao Ibama. O Conselho Indiginista e as autoridades indígenas solicitam que sejam tomadas as medidas cabíveis com urgência.
O Rio Peruaçu é de suma importância para a sobrevivência do povo Xakriabá. Segundo a nota, ao longo dos anos o rio vem sendo explorado por grandes empresas, sendo que nas décadas de 80 e 90, uma empresa de mineração comprometeu a vida do rio juntamente com empreendimentos do setor da pecuária. Recentemente os indígenas também vêm observando o avanço do plantio de eucalipto na região do Dizimeiro (território Xakriabá) o que tem prejudicado os recursos hídricos da região.

Com informações da Carta Divulgada pelo povo Xakriabá e Cimi

Helen Borborema Comunicadora Popular da ASA
Helen Santa Rosa Comunidadora do CCA Norte de Minas