Os eleitores de pelo menos 37 municípios paraibanos não terão a
oportunidade de conhecer as propostas de campanha dos candidatos a
prefeito e vereador através do guia eleitoral. Embora seja um dos
principais meios de divulgação da campanha, estes municípios não dispõem
de emissoras de rádio ou de televisão e os candidatos terão apenas os
comícios e a propaganda corpo a corpo para tentar convencer os
eleitores.
O Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba (TRE-PB) ainda não
dispõe de um levantamento total do número de cidades ‘prejudicadas’ nas
eleições pela ausência de guias eleitorais na mídia, mas segundo dados
fornecidos referentes a 36 Zonas Eleitorais, em 48 municípios o guia
será exibido apenas no rádio, em duas cidades, o guia passará na TV e no
Rádio e em 37 cidades, não haverá exibição de propaganda eleitoral
gratuita.
“O guia eleitoral na TV e no rádio objetiva informar a população
sobre os projetos. Na ausência deles, os candidatos terão que usar os
comícios como meio para apresentar as propostas. Para a população, este é
um grande prejuízo, pois sem o conhecimento das propostas dos
candidatos, fica mais difícil fazer uma boa escolha”, afirmou o
procurador Regional Eleitoral da Paraíba, Yordan Moreira Delgado.
De acordo com dados do IBGE através do Censo 2010, a população
destes 37 municípios representa aproximadamente 7% do total do Estado,
com 261.503 habitantes. A maioria destas cidades está localizada no
Interior da Paraíba e, por retransmitirem a programação das TVs e rádios
da Capital João Pessoa ou de Campina Grande, terão que assistir aos
guias eleitorais destas duas cidades.
De acordo com a assessoria de comunicação do TRE, a Paraíba tem
77 zonas eleitorais, sendo cinco em João Pessoa, quatro em Campina
Grande, duas em Patos, e duas em Sousa. O restante está distribuído
pelos demais 210 municípios. Destas, apenas 36 informaram, até ontem, se
as cidades em suas circunscrições terão ou não guia eleitoral.
“Programa é determinante”
De acordo com o doutor em Ciência Política pela Universidade de
São Paulo e professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), José
Henrique Artigas de Godoy, o guia eleitoral na TV é o mais eficiente
instrumento a serviço das campanhas eleitorais e tornou-se determinante
em diversos pleitos, “uma vez que permite o acesso quase universal do
eleitorado aos programas dos candidatos”.
Segundo o professor, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
confirmou que apenas as cidades com mais de 20 mil habitantes poderão
ter o guia eleitoral na TV. O TSE impugnou recursos das coligações que
requeriam o direito à propaganda institucional gratuita na TV em
municípios pequenos.
“Os argumentos que ampararam a decisão do TSE na impugnação do
recurso se fiaram em dois fatores principais. O primeiro deles diz
respeito às questões de ordem técnica e operacional, já que os pequenos
municípios não possuem retransmissoras de TV e a existência do guia
neste veículo poderia produzir um aumento desmesurado dos custos da
campanha eleitoral. O aumento dos custos da campanha poderia trazer
prejuízo para as candidaturas com menos recursos arrecadados, o que
poderia gerar abuso do poder econômico por parte das coligações mais
ricas”, disse.
O segundo fator, segundo Artigas de Godoy foi “o fato de que isso
supostamente poderia gerar uma confusão durante o processo eleitoral,
já que alteração das normas pré-estabelecidas romperia com o princípio
da anterioridade legal, que prevê que as regras das eleições só podem
ser alteradas com um mínimo de um ano de antecedência. Ou seja, não se
mudam as regras durante o jogo, mas apenas antes do início do processo
eleitoral, o que atribui segurança jurídica aos candidatos e
coligações”.
No entanto, de acordo com o professor, o guia eleitoral ao invés
de promover a desigualdade financeira entre as candidaturas, permite uma
ampliação dos espaços democráticos, pois permite mesmo às pequenas
legendas, tempo para exporem suas propostas, “garantindo isonomia entre
as candidaturas”. Segundo ele, o guia na TV, reduziria os custos da
propaganda eleitoral, já que os candidatos com poucos recursos
dificilmente poderiam disseminar suas campanhas apenas com os materiais
de propaganda financiados privadamente.
Especialista defende reforma
O professor Artigas de Godoy afirma que é preciso dar
prosseguimento à reforma política e que a ausência de guia eleitoral nos
municípios é uma perda para a democracia nessas localidades.
“Infelizmente os moradores das pequenas cidades não terão a oportunidade
de acesso equânime aos programas dos. Perde a democracia, perdem os
candidatos de partidos e coligações com poucos recursos e,
principalmente, perdem os eleitores das pequenas cidades, que terão o
acesso reduzido à informação em comparação com aqueles dos grandes
municípios”, afirmou.
E continua: “É preciso dar prosseguimento à reforma política por
meio do Legislativo, evitando a interveniência do Judiciário na
organização da vida política nacional. Quanto mais financiamento público
de campanhas menores serão os abusos do poder econômico, a corrupção
eleitoral e o caixa dois. Em tempos de julgamento do “mensalão” este é
um tema candente e que deve ter uma resposta antes política que
jurídica. Mas qualquer alteração nas regras eleitorais devem valer
apenas para os próximos pleitos”, disse. Uma das mudanças propostas na
Reforma Política refere-se ao financiamento público de campanha, o que,
segundo ele, permitirá mais igualdade.
Orientação aos candidatos
O procurador Regional Eleitoral da Paraíba, Yordan Moreira
Delgado fez orientações para candidatos e eleitores, em virtude da
ausência de guias eleitorais. “Já que eles não têm guia eleitoral, que
aproveitem os comícios para divulgar os projetos e não somente para
pedir votos. Usem como uma oportunidade para mostrar o que querem fazer
pela cidade”, disse.
E continuou: “E os eleitores devem buscar informações, verificar o
passado dos candidatos. Já que uma parte deles já teve algum mandato,
busquem saber o que eles já fizeram pela cidade quando estavam com o
mandato. E também informações sobre a vida profissional, em que
trabalham, o que fazem e de que forma contribuem com a cidade”, afirmou.
Tempo em Mamanguape
O TRE-PB divulgou ontem a ordem da propaganda eleitoral nas
emissoras de rádio de Mamanguape. No município, três candidatos disputam
a vaga de prefeito e 113 pleiteiam as 13 vagas da Câmara Municipal. O
candidato do PT, Aguinaldo Lemos, abrirá guia, que terá início, para
prefeitos, no próximo dia 22, contando com o tempo de 06’56”15.
A candidata da coligação ‘Chegou a hora da verdade’ (PMN, PRB,
Democratas, PSB, PPS, PV, PPL, PDT, PT do B, PMDB, PC do B, PSL, PRP),
Maria Eunice do Nascimento Pessoa (PSB), é a segunda candidata na ordem
de apresentação da propaganda eleitoral gratuita. Ela conseguiu reunir o
maior número de partidos na coligação e terá o tempo de 11’39”38.
O terceiro a apresentar o guia será o candidato da coligação
‘Unidos por Mamanguape’ (PR, PSC, PSDB, PP E PSD), Eduardo Carneiro de
Brito (PR). Ele dispõe de 11’24”47. Em relação às inserções, do total de
2.699, a coligação Chegou a hora da Verdade’, terá 1.049; a coligação
‘Unidos por Mamanguape’ terá 1.026 e o candidato do PT terá 624
inserções.
Em relação ao guia eleitoral para vereador, que terá início na
próxima terça-feira, a ordem é a seguinte: 1º ‘Mamanguape Independente
I’ (07’27”95); 2º ‘Unidos por Mamanguape I’ (05’41”12); 3º PT (05’36”15;
4º ‘Mamanguape Independente II’ (04’51”12) e 5º ‘Unidos por Mamanguape
II’ (06’23”35).
Jornal Correio da Paraíba
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