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29 de jan. de 2018

ARTIGO- A decadência cultural da terra do poeta do absurdo: Teixeira

É fato inegável que o Brasil está em um processo acelerado de decadência cultural. Essa decadência é evidenciada em fatos corriqueiros e de interesse nacional. Essa queda no nível cultural do país é sentida tanto nas metrópoles como nas pequenas cidades do interior. Teixeira é um exemplo para ilustrar o fato ao qual me refiro. O grande mal para qualquer povo é não dar o devido valor que as coisas de sua própria terra merecem. Vemos esse "descaso" na maneira como é tratada a classe intelectual de Teixeira. Para isso, poderíamos focar em alguns pontos e fazer o diagnóstico "in loco" do problema ao qual me refiro.

Pessoas que conseguiram uma renda um pouco mais alta que a esmagadora maioria da população, ao invés de valorizarem a educação oferecida no município, seja pública ou particular, preferem enviar seus filhos para escolas em outras cidades (Patos, Campina, etc). Uma década atrás, penso eu, enviar seus filhos para estudar fora era vantajoso e dava bons resultados. Porém, hoje, essa atitude ainda resulta proveitosa? O número de teixeirenses aprovados no ENEM nos últimos anos mostra que a educação municipal melhorou muito. Alguns poderiam dizer que os aprovados fizeram "cursinhos" em outras cidades, porém, creio que sem a base sólida que receberam nas nossas escolas, nenhum "cursinho" teria proveito. É na base que tudo começa. 

Um segundo ponto é o tratamento dispensado aos pensadores teixeirenses. Estudantes de Direito, Filosofia, História, jornalismo, poliglotas etc, são tratados com desdém e às vezes até com piadas de mal gosto. Creio que quanto a isso poderíamos aplicar a crítica de Lima Barreto ao falar das vizinhas fofoqueiras do Major Quaresma, que, ao ver sua biblioteca comentavam: “Para quê tanto livro, se não é nem bacharel?” A classe intelectual teixeirense e outros jovens de talento são deixados de lado e/ou substituídos por forasteiros. Isso não é culpa de gestores, secretários ou outras figuras da política municipal, mas do próprio povo. 

Um terceiro ponto é a ignorância do nosso povo. Quando falo da ignorância refiro-me à falta de conhecimento de algo e não ao comportamento agressivo de alguns, como pode pensar a maioria ao ouvir essa palavra. Infelizmente, nosso povo acostumou-se a pouca leitura e muita televisão. Somos, por definição, uma sociedade com medo do saber e do conhecimento. Claro que não incluo todos os teixeirenses nessa classificação. Existem muitos teixeirenses que amam o conhecimento e trabalham em nossa cidade para "iluminar" os outros com esse conhecimento. Contudo, a maioria do nosso povo detesta aquilo que é Cultura. Não gostamos de ler, de estudar, de nossa história, de nossas tradições. Acostumados com a "cultura" da fofoca, das músicas imorais, dos gastos desnecessários e, pior que isso, das drogas (no caso da juventude), entramos em um tempo de ignorância destrutiva. Essa ignorância destrói as próprias raízes de nossa história e daquilo que temos de belo a oferecer ao conjunto multicultural do país. 

Já não se ouvem as músicas típicas de nossa terra, nem tampouco se valoriza os artistas de nossa terra. Não se valoriza nossa história, vide que, o Museu da cidade só recebe grande fluxo de visitantes quando da proximidade do dia da emancipação política do município(29 de agosto). Poderíamos aplicar a essa situação o seguinte dito popular: "Quem não sabe de onde veio, não sabe para onde vai." 

Outro ponto é que, no momento de escolhas, nosso povo ignorante sempre se deixa guiar pelos economicamente mais fortes. Tudo isso dificulta a nossa representatividade, especialmente no âmbito da legislação. Dificilmente conseguimos eleger algum vereador, por exemplo, pelas suas propostas, ou se o fazemos, não chegamos a avaliar as propostas como um todo, mas visando apenas interesses. Todo esse jogo culmina em que temos legisladores muito bem pagos que se reúnem algumas vezes por semana e, muitas dessas vezes, brigam como "crianças do berçário"; nada de útil resulta para a população. Discursos incoerentes, desconhecimento do papel de legislador, ignorância em relação às leis e protocolos etc. Tudo isso são apenas sinais de onde a ignorância de um povo pode levá-lo. 

Por último, (me contentarei com o que escrevi até agora) ainda sobre a Cultura. É lamentável observar como na terra de Zé Limeira e de outros tantos poetas e poetisas, onde poucos monopolizam o acervo histórico sem permitir que as gerações jovens lhes tenham acesso, a cultura do repente, dos versos, do cordel e da viola esteja em decadência. Minha vênia aos jovens que organizam o "Sarau Cultural". Essa obra é, sem dúvida alguma, um resgate de nossas raízes e nossa história. Num momento em que vemos nossas tradições serem rejeitadas pela maioria dos jovens de nosso município que preferem Kéfera aos versos de Teodoro Nunes da Costa, Agar Nunes Guedes ou Benedita Rosa, que deixam de lado a boa música do nosso Nordeste e procuram músicas de baixa qualidade como uma que prometia ser o "Hit do Carnaval", os poucos jovens que buscam o resgate de nossa cultura merecem não apenas serem parabenizados, mas também apoiados. 

Todo esse quadro da decadência cultural de Teixeira não se deve aos governos, como pensam alguns, mas ao nosso próprio povo. Fica meu reconhecimento a algumas figuras ilustres cujo trabalho ou inteligência eu conheço e admiro e um clamor de desgosto e insatisfação de, como teixeirense, saber que o dinheiro, as intrigas e a falta de valorização fazem de nossa cidade um lugar culturalmente pobre, ignorante e fadado a perder o rumo mediante o desconhecimento de sua própria história. 

Por Leonardo Marques

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