
Após o fim do casamento, Ivanilda voltou à comunidade de Boqueirãozinho, onde passou a morar em uma casa doada pela mãe. Ganhou também uma galinha com 12 ovos e um terreno ao redor da casa com cerca de 700m2. Foi quando engravidou da terceira filha, Eduarda, hoje com 12 anos.
Para sustentar a família, a agricultora trabalhava na roça de outras pessoas, ganhando cerca de R$3,00 por dia. O único tempo que tinha para cuidar da própria roça era nos fins de semana, mas como a única fonte de água que tinham era a de um barreiro, conseguiam plantar apenas milho e feijão, sendo a maior parte para o consumo próprio, e mandioca, de onde extraíam a farinha. Chegaram a passar necessidades.
Foi num período de seca grande que Ivanilda recebeu a notícia do assassinato de seu ex-marido. Na época, recebeu de herança o dinheiro da venda de um sítio, que serviu para comprar a casa onde mora atualmente e o restante foi guardado no banco. O sofrimento de Ivanilda começava a ficar para trás.
Logo conheceu João Torres, seu segundo marido. “Foi um anjo que Deus colocou na minha vida”, afirma Ivanilda. Mas o casamento só aconteceu após um pacto entre os dois no qual as principais condições são a liberdade e o respeito. “Hoje eu me amo, porque a gente deve se amar primeiro. Hoje eu tenho a consciência de que a mulher tem seus direitos”, conclui a agricultora. O casal teve um filho, Joalison, hoje com 10 anos.
A família passou a
fazer parte da associação comunitária do município, o que permitiu sua participação nos programas da Articulação no Semi-Árido Brasileiro (ASA). Primeiro veio o Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC), através do qual foi construída uma cisterna para consumo humano ao lado da casa. Posteriormente, foram beneficiados com o Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), que construiu uma cisterna-calçadão cuja água é utilizada na produção de alimentos e criação animal.
Assim, Ivanilda e João conseguiram ampliar o número de animais que criavam, além de aumentar a variedade de hortaliças e frutas. A alimentação da família melhorou e com a venda do excedente, puderam comprar mais 1,5 hectares de terra.
Nos momentos em que não está na roça, Ivanilda participa de um grupo de mulheres da comunidade na produção de fuxicos e bordados, atividade que tem contribuído para o aumento na renda da família. Com esse dinheiro extra, tem conseguido comprar móveis novos para sua casa e está conseguindo pagar uma pessoa para ajudar no trabalho pesado do roçado.
Depois de tantos períodos de sofrimento, a vida de Ivanilda enfim encontrou o caminho da felicidade. Sua família que um dia já passou necessidades, agora vive momentos de liberdade e autonomia.
Conheça outras experiências que serão visitadas durante o II Encontro de Agricultoras e Agricultores Experimentadores do Semiárido.
Conheça outras experiências que serão visitadas durante o II Encontro de Agricultoras e Agricultores Experimentadores do Semiárido.
Mariana Mazza - ASACom
Recife – PE
Fonte: ASA BRASIL
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