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19 de mai. de 2011

Ações da ASA inspiram curso sobre convivência com o Semiárido

convivencia_fotoBiAntunesQue o semiárido nordestino é outro, isso é inegável. Essa afirmação se legitima a partir de uma série de ações que ultrapassam o universo das intervenções emergenciais e de assistência social de combate à seca. Estas ações são difundidas pela Articulação no Semi-árido (ASA). Ao longo de dez anos de existência, a rede que reúne cerca de mil organizações da sociedade civil, vem mostrando que a vida no Semiárido é viável e pode ser digna.
A atuação dos movimentos populares e entidades civis têm acampado uma verdadeira luta em defesa da garantia do direito à água para o consumo humano, além do acesso à água e à terra para produção de alimentos, visando à soberania e segurança alimentar nutricional. Isto tudo baseado na valorização do conhecimento da agricultura familiar e camponesa.
Todos esses processos desencadeados pela ASA têm estimulado outros organismos a estudar e a debater a viabilidade do Semiárido. A partir desta terça-feira (17), a Rede Integrada de Segurança Alimentar e Nutricional (Redesan), através de sua plataforma na internet, abriu oficialmente as aulas do Curso de Formação em Gestão Pública, Acesso à Água e Convivência com o Semiárido.
O curso visa uma intervenção mais qualificada dos agentes gestores e multiplicadores de convivência com o semiárido, ampliando a compreensão de um novo olhar sobre a realidade e as potencialidades da região.
A formação tem a colaboração da própria Articulação do Semiárido (ASA) e de outras instituições, como a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Fundação de Apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (FAURGS), Fundo de Cooperação para Água e Saneamento (AECID), Instituto Ambiental Brasil Sustentável (IABS) e do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS).
Na semana passada, em Petrolina, município do semiárido de Pernambuco, houve a aula inaugural do curso com uma reunião presencial dos agentes inscritos da sociedade civil e do poder público dos diversos estados do Nordeste. O objetivo do encontro foi aproximar as concepções e as práticas que vão desde a gestão de acesso à água ao alcance da soberania e segurança alimentar das populações do Semiárido.
Segundo o coordenador do curso, Edni Oscar Schroeder, o encontro presencial em Petrolina representou um momento de criar compromisso, fazer trocas de conhecimentos, reavaliar caminhos no campo da formação.
“O curso é um trabalho de natureza coletiva e o que está valendo mesmo é a experiência daqueles que atuam no campo, que atuam no meio rural, que atuam nas organizações sociais, que atuam nas prefeituras e nos governos estaduais, nessa lógica da convivência com o semiárido. Pessoas comprometidas com a sua identidade cidadã do direito à vida, do direito à alimentação adequada e no caso do direito à água como algo inalienável para essas populações, pra quem esses participantes destinam sua atividade, quer seja profissional, quer seja voluntário, quer seja como militantes na luta da garantia da vida dessas populações” salientou Schroeder.
No curso, os assuntos estudados serão divididos em módulos temáticos e os professores e tutores são atores sociais reconhecidos por suas ações no semiárido brasileiro, tanto no âmbito de governo quanto da sociedade civil.
Na oportunidade do evento em Petrolina, o comunicador da ASA, Eudes Costa, entrevistou o coordenador do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2) da ASA, o sociólogo Antônio Barbosa, que é uns dos professores do módulo Acesso à Água. Leia abaixo a entrevista ou clique aqui para ouvi-la.
Eudes Costa – Qual a importância do envolvimento dos atores sociais que atuam na ASA no curso realizado pela Redesan?
Antônio Barbosa – Acho um momento ímpar. A ASA sempre tem dito que os agricultores, as agricultoras produzem conhecimento e sempre a academia tem dito que o conhecimento produzido na academia tem quer ser levado para os agricultores. Imaginemos nós que esse é o curso em que o conhecimento produzido pelos agricultores/as é o centro do debate, é um curso sobre Convivência com o Semiárido. Essa é uma oportunidade onde um conjunto de pessoas que são das organizações, das comissões municipais, dos grupos de formação de GRH [Gerenciamento de Recursos Hídricos], dos GAPAS [Gerenciamento de Água para a Produção de Alimentos], e animadores microrregionais da ASA que discutem e debatem, inclusive, com o poder público, os prefeitos, o estado, os bancos, não a perspectiva deles, mas, na perspectiva da convivência com o Semiárido. Então, é um momento importante para ampliar o diálogo, intercambiar o conhecimento. Esse é um bom espaço para a troca do conhecimento acumulado pelas famílias do Semiárido.
Eudes Costa – Nas suas explanações na plenária você enfatizava sobre o novo conceito criado para o termo Semiárido, o que tem realçado a reformulação desse conceito?
Antônio Barbosa – Semiárida é uma palavra relativamente nova pra se tratar de um lugar. É um conceito positivo, diferente do conceito que se usava do Nordeste, do sertão, que sempre associavam as cenas de vaca morta, terra rachada. Quando se menciona hoje Semiárido, esse conceito está associado à outra palavra, que é a palavra convivência. Normalmente quem valorizou a ideia de Semiárido valorizou a ideia de Convivência, agora quando se fala em Semiárido está falando da politica de estocam de água, de forragem, de semente, da educação contextualizada, você falando de outra perspectiva. Esse conceito tem sido elevado a partir do trabalho das organizações da sociedade civil que compõe a ASA, elas ajudaram a construir e a formatar esse conceito.
Eudes Costa – Quais as temáticas que serão abordadas no curso sobre a Conivência com o Semiárido?
Antônio Barbosa – A ASA tem feito uma ação de valorização das experiências e sistematizado diversas experiências de convivência. Então, esse curso é uma oportunidade de reflexão sobre as sistematizações. No primeiro módulo, tratará sobre a Convivência com o Semiárido, falaremos sobre o lugar, quem são as pessoas que aqui vivem, quais são as riquezas que existe neste lugar, as violências simbólicas sofridas ao longo da sua história que contribuiu para alguns atrasos no seu desenvolvimento, como também focará as ações importantes sobre o programa P1MC e o P1+2, além de um conjunto de outras ações que estão colocadas e serão discutidas em nove semanas. Posterior a isso, vamos discutir a água enquanto direito e alimento, será um módulo sobre segurança alimentar, direito humano à alimentação adequada, e isso parte da identidade alimentar. O povo do Semiárido tem uma identidade, uma forma diferenciada de se alimentar, comer a partir do milho, da carne de bode, do aipim, da macaxeira, da mandioca, da batata e de muitas outras que são típicas do nosso lugar. No terceiro módulo vamos aprofundar o debate sobre o acesso à água, qual a demanda e a oferta que temos no Semiárido, aqui é um lugar que chove, uma das importâncias da construção do Semiárido nesse conceito é que antes tinha no imaginário das pessoas que aqui era um lugar que não chovia e hoje se sabe que o semiárido brasileiro é o mais chuvoso do mundo. Olha como mudou! E as alternativas que temos de acumular água pra beber, pra produzir, pra múltiplos usos. A ideia é que a gente faça durante todo o curso um exercício prático de reflexão sobre as próprias comunidades, os municípios, as propriedades.
Eudes Costa – Os participantes inscritos no curso são oriundos de duas esferas políticas: sociedade civil e do poder público governamental, que diálogo você acha que estará sendo construído entre ambos?
Antônio Barbosa – A sociedade civil tem uma experiência única no Brasil, que é a experiência de construção de uma política não só de propor, mas inclusive de executar, fazer a gestão e o controle social da política. Então esse modelo tende a fazer o debate. Como valorizo a experiência da ASA e o diálogo com o poder público? Temos um avanço significativo no Brasil na esfera nacional com o governo federal, temos algumas experiências ainda que localizadas em relação ao poder público estadual. A nossa relação com o poder público municipal ainda é muito frágil, muitos prefeitos ainda entendem que a prefeitura é deles, confundem direito público como um direito privado. Então, regular essa situação ela contribui não só pras famílias do Semiárido. Mas contribui para a formatação do estado brasileiro onde o público é o público e o privado é o privado. Nesse curso, ele vai oferecer um conjunto de debates, ele tem uma plataforma virtual às pessoas poderão avançar para outras questões. Acreditamos que ao final teremos potencializado um conjunto de processos importantes para a Convivência com o Semiárido. A ASA tem jogado peso pra esse curso, tem apostado nisso e precisamos valorizar o diálogo.

Eudes Costa - Comunicador Popular da ASA



Petrolina - PE


16/05/2011

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