Organizada
pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), Pastoral dos Migrantes, Cáritas
Diocesana de Almenara e pela diocese de Almenara, este momento único
de encontro e fé foi marcado principalmente pela denúncia da morte da
sociedade atual, excludente, racista e concentradora, e pela
perspectiva do nascimento de uma sociedade justa, fraterna e
igualitária.
Sob o tema “Lutas
populares a serviço da Vida no campo”, caminhando pela cidade, os
romeiros clamavam que “se o campo não planta, a cidade não janta”, em
oração pela agricultura familiar camponesa e contra a sociedade
consumista e materialista, que subjuga a vida em favor do lucro.
Em
frente ao rio Jequitinhonha, símbolo do povo do Vale, os romeiros e
romeiras receberam a imagem de São Francisco trazida de sua margem.
Todos refletiram sobre a desigualdade entre os povos e o monopólio do
bem precioso que é a água, em contradição com o lema da Romaria: “Terra
e água: Dádiva de Deus, garantia de Vida”. Também foram denunciados os
despejos de esgoto de diversas cidades que ficam às margens do rio
Jequitinhonha, o que tem contaminado o rio e diminuído as condições de
vida gerada por ele.
Muitas faixas delatavam a morosidade do
INCRA, a violência no campo, as lutas do povo camponês, indígenas e
quilombolas. Frei Gilvander, da CPT, afirmou que as monoculturas e os
monopólios são satânicos e o consumismo e o modelo de desenvolvimento
que vivemos é contrário ao projeto de Jesus Cristo.
Muitos foram os mártires que, como Jesus, entregaram a vida nessa luta
Muitos foram os mártires que, como Jesus, entregaram a vida nessa luta
Seguindo
em procissão, mais uma vez os romeiros pararam na ponte sob o Rio
Jequitinhonha, que corta a cidade de Almenara, fincando a cruz, símbolo
da entrega máxima pela justiça e pela vida do povo.
Em
seguida, os nomes dos cinco mártires do massacre de Felisburgo foram
chamados e o povo respondeu presente, em sua memória de luta que
permanece viva. Jorge Ribeiro, um dos sobreviventes do massacre,
relembrou a história de horror vivida pelas famílias do Assentamento
Terra Prometida, ao serem cassadas pelo fazendeiro Adriano Chafik,
simplesmente por assumirem terras devolutas que são do povo por direito.
Ainda hoje este crime não teve punição para o verdadeiro culpado.
A
Romaria encerrou no estádio municipal com missa celebrada pelos bispos
das dioceses de Almenara e Teófilo Otoni. Emocionado, Oscarino Aguiar,
do Sindicato de Porteirinha, se sentiu orgulhoso por participar desse
momento: “Tanta gente gostaria e deveria estar aqui. Nós somos
privilegiados por participar desse momento de fé e luta”, disse.
Blog da CNBB
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