Muammar Kadafi, o coronel que liderou a Líbia durante 42 anos até ter seu governo posto em xeque a partir das revoltas originadas no país durante a Primavera Árabe, foi morto em um confronto na cidade de Sirte nesta quinta-feira, informa a rede Al Jazeera, citando como fonte um comandante do Conselho Nacional de Transição (CNT), o órgão representante do novo governo líbio.
As informações iniciais indicavam que Kadafi estaria ferido em ambas as pernas e teria sido levado a um hospital "criticamente ferido". Até o momento, todas as informações relacionadas à sua morte advêm de oficiais rebeldes. A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que comanda a intervenção internacional da Líbia, afirmou ainda buscar a confirmação da suposta morte. O Departamento de Estados dos Estados Unidos também não confirma a notícia.
A Reuters ouviu um oficial do CNT, segundo o qual Kadafi teria morrido devido a ferimentos. "Ele também foi atingido na cabeça", disse. "Havia um tiroteio contra seu grupo, e ele morreu." De acordo com a BBC, Kadafi teria sido morto quando tentava deixar Sirte, cidade natal do coronel, cuja tomada era comemorada nesta quinta-feira pelas forças do CNT. Não há informações seguras sobre quem teria disparado contra o antigo líder.
A batalha por Sirte era vista como um derradeiro estágio na tomada da Líbia. A cidade assistira nos últimos dias ao recrudescimento dos combates com as forças leais a Kadafi. O confronto em Sirte se seguiu à queda da cidade de Beni Walid, outro reduto do antigo regime, para os soldados do CNT, na última semana. Kadafi governava a Líbia desde 1969, quando encerrou o regime monárquico do Rei Idris.
Na corrente contrária às informações das agências internacionais, o site da Al-Libya, uma televisão pró-Kadafi, desmente "a captura ou a morte" do líder, segundo constatou a AFP. "As informações espalhadas pelos lacaios da Otan sobre a captura ou a morte do irmão dirigente Muamar Kadhafi não têm fundamento", indicou a televisão, afirmando que ele goza de "bom estado de saúde".
A tomada de Sirte resultou também na morte de Aboubakr Younès Jaber, ministro da Defesa do regime deposto, segundo noticiou a AFP. Não há informações da companhia de Kadafi na hora da captura, nem as condições em que estaria escondido. Suspeitava-se que o coronel tivesse já fugido do país, a exemplo de sua mulher e muitos de seus filhos, que, durante os últimos meses, partiram para Argélia e Níger, países vizinhos da Líbia.
Líbia: da guerra entre Kadafi e rebeldes à batalha por Trípoli
Motivados pelos protestos que derrubaram os longevos presidentes da Tunísia e do Egito, os líbios começaram a sair às ruas das principais cidades do país em fevereiro para contestar o coronel Muammar Kadafi, no comando desde a revolução de 1969. Rapidamente, no entanto, os protestos evoluíram para uma guerra civil que cindiu a Líbia em batalhas pelo controle de cidades estratégicas de leste a oeste.
A violência dos confrontos gerou reação do Conselho de Segurança da ONU, que, após uma série de medidas simbólicas, aprovou uma polêmica intervenção internacional, atualmente liderada pela Otan, em nome da proteção dos civis. No dia 20 de agosto, após quase sete meses de combates, bombardeios, avanços e recuos, os rebeldes iniciaram a tomada de Trípoli, colocando Kadafi, seu governo e sua era em xeque. Na dia 23 de agosto, os rebeldes invadiram e tomaram o complexo de Bab al-Aziziya, em que acreditava-se que Kadafi e seus filhos estariam se refugiando, mas não encontraram sinais de seu paradeiro. De acordo com o CNT, mais de 20 mil pessoas morreram desde o início da insurreição.
Terra
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