Número de casais que mantêm relações estáveis cresceu em 55,93% na Paraíba.
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Principal faixa etária dos paraibanos que optam pela relação conjugal informal é entre os 25 e 29 anos |
A Paraíba está registrando menos casamentos formais e mais uniões
consensuais. Esta é a constatação do Censo Demográfico 2010, divulgado
ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em uma década, a quantidade de pessoas que decidiram se casar
formalmente, em cerimônia civil e religiosa, aumentou em 4,1%. Enquanto
isso, o número de casais que mantêm relações estáveis, porém sem
registro em cartório ou na igreja, cresceu em 55,93%.
Segundo o IBGE, em 2000, a Paraíba possuía 1.308.249 pessoas com
relações conjugais estáveis, que incluem casamentos oficias e não
oficiais. Deste total, 941.191 eram casadas e outras 367.058 mantinham
uniões consensuais, ou seja, não formalizadas em documentos.
Das que eram casadas, 602.500 haviam trocado as alianças em
cerimônias civis e religiosas. Outras 290.456 tiveram apenas a cerimônia
civil e outras 102.482 oficializaram a relação somente em celebração na
igreja.
Dez anos depois, os números se alteraram. O total das relações
estáveis saltou de 1.308.249 para 1.579.134. O crescimento foi de 20,7%.
Foram 979.792 casadas, sendo 602.959 uniões firmadas civil e
religiosamente, outras 290.450 oficializadas apenas em cartórios e
86.383 somente em cultos celebrados por padres, pastores e outros
líderes espirituais.
Em contrapartida, outros 572.342 casais decidiram viver juntos,
porém, sem oficializar a união. Em relação ao total de 367.058
relacionamentos desse tipo registrados em 2000, o crescimento aumentou
em 55,93%.
A principal faixa etária dos paraibanos que optam pela relação
conjugal informal é entre os 25 e 29 anos. São 99.422 pessoas nessa
idade que mantêm uniões consensuais.
Em segundo lugar, de acordo com o Censo Demográfico 2010, divulgado
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, aparece a faixa
etária que vai dos 20 a 24 anos, com 82.623 registros.
A vendedora autônoma Nadijane Gonzaga Ferreira, 50 anos, faz parte
dessas estatísticas. Há 30 anos, ela vive ao lado do chefe de obras
Lorival Soares, mas não pensa em casar. Os dois já têm dois filhos e um
neto, mas nunca pensaram em oficializar a união por causa da burocracia.
“Casar para quê? Gasta muito e para separar também. A gente tá junto há
30 anos, e está dando certo”, afirma Nadijane Gonzaga.
Para o sociólogo doutor em Sociologia e professor de Antropologia da
Universidade Federal da Paraíba (UFPB) Adriano Leon, os números revelam
que está ocorrendo uma descrença na instituição chamada de casamento.
“Vemos muitos apelos que buscam manter os valores do casamento, o que
indica que algo vai mal. Aquele ideal de família, que almoça junto e
conversa em torno da mesa, está desaparecendo. Hoje, há pessoas que se
casam e que moram em casas separadas”, diz o sociólogo.
“Por conta da introdução do uso da pílula, do feminismo, da luta pela
independência financeira, as pessoas estão buscando apenas manter laços
afetivos e não mais casamentos formais.
Isso mostra que o casamento nunca vai estar em segundo plano, apenas será diferenciado”, completa Adriano de Leon.
O professor destaca que algumas mudanças na legislação incentivaram a busca por uniões consensuais.
“Alterações feitas no Código Civil facilitaram o divórcio. Ainda
existem leis que permitem que as pessoas com uniões consensuais tenham
os mesmos direitos patrimoniais, como heranças e pensões, que aquelas
que estão casadas oficialmente”, diz.
JP Online
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