A ausência de documentação pessoal é mais frequente entre a população de baixa renda, segundo o IBGE.
Os documentos de identificação pessoal são essenciais para viabilizar
o acesso do cidadão aos direitos fundamentais. Embora os procedimentos
para emissão de Certidão de Nascimento, Registro Geral (RG) e Cadastro
de Pessoas Físicas (CPF) sejam simples – e na maioria das vezes
gratuitos – muitas pessoas ainda não os possuem. De acordo com o último
censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), há na Paraíba mais de 19 mil crianças sem registro de
nascimento, que é o primeiro cadastro do recém-nascido. A ausência de
documentação pessoal é um problema constatado principalmente entre a
população de baixa renda, camada social que mais depende de políticas
públicas.
A Secretaria dos Direitos Humanos (SDH) do governo federal não tem
dados sobre o total da população não registrada e não documentada.
Porém, uma novidade acrescentada ao Censo Demográfico 2010: o mapeamento
de crianças com idade entre zero e dez anos sem registro civil de
nascimento. O número total de pessoas nessa situação chega a
aproximadamente 600 mil no Brasil e 19.040 na Paraíba.
Esses números já foram maiores. De acordo com a SDH, os índices de
sub-registro vêm diminuindo (de 20,9% dos nascidos vivos em 2002 para
6,6% em 2010), devido às constantes campanhas e políticas públicas
voltadas para a erradicação do problema.
O governo federal possui um Plano Social Registro Civil de
Nascimento e Documentação Básica, coordenado pela SDH, cujo foco é
acabar com o sub-registro civil de nascimento no Brasil e garantir o
acesso à documentação básica para toda a população brasileira. A
certidão de nascimento é o que garante nome, sobrenome e nacionalidade.
Ela é importante para a matrícula escolar, cadastro em programas sociais
e para obter a documentação civil básica: carteira de identidade (RG),
cadastro de pessoa física (CPF) e carteira de trabalho e previdência
social (CTPS). A estimativa atual é de que 6,6% das crianças nascidas no
país não são registradas em cartórios até que completem um ano de
idade.
Entre as dificuldades para a obtenção da certidão de nascimento estão
a ausência de cartórios em diversos municípios e as longas distâncias a
serem percorridas até eles, que afetam principalmente a população que
vive afastada dos grandes centros urbanos ou em comunidades
tradicionais. Apesar disso, os números absolutos de crianças sem
registro concentram-se nos grandes centros urbanos e ainda nas regiões
Norte e Nordeste. Segundo a Cartilha Pai Presente lançada pelo Conselho
Nacional de Justiça (CNJ), existem na Paraíba 294 cartórios com
atribuição em Registro Civil das Pessoas Naturais (RCPN). O estado com
menor número é Roraima, com apenas seis.
O número de pessoas que nunca possuíram um documento vem diminuindo a
cada dia devido às constantes campanhas. Ainda existem, entretanto, as
pessoas que já são registradas, mas não portam sua documentação por
motivo de perda ou roubo. A dona de casa Débora Aparecida Rodrigues,
moradora da comunidade Padre Hildon Bandeira, em João Pessoa, é um
exemplo. Ela teve o cartão plástico do CPF quebrado pela filha pequena
no início do ano passado e ainda não retirou a segunda via do documento.
“Ainda não tirei outro CPF porque não tenho dinheiro. Isso já me
trouxe problemas. Neste ano eu tentei abrir uma conta no banco e não
consegui. Eu tenho o número do meu registro, mas preciso do cartão para
comprovar”, relata Débora.
Do JP Online com IBGE
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