PF diz que presidiários integravam grupo de extermínio; empresários que compravam segurança serão ouvidos.
Subiu para 40 o número de presos na Operação Squadre, desencadeada na
última sexta-feira pela Polícia Federal (PF) e Ministério Público da
Paraíba. Ontem, se apresentou à polícia o gerente da empresa Fator, que
fazia segurança privada clandestina e era comandada pelo major da
Polícia Militar, Gutenberg Nascimento e seu irmão Neubon Nascimento. O
superintendente da PF, Marcello Diniz Cordeiro, informou que a milícia
fazia segurança para grandes empresas e rede de supermercados e que os
empresários serão ouvidos para esclarecimentos. Faltam cumprir cinco
mandados de prisão. Ontem, a PF divulgou os nomes alguns presos na
operação.
Segundo Marcello, os alvos principais da operação
foram presos e até ontem nenhum havia sido liberado. O prazo das
prisões provisórias termina esta semana, porém o delegado da PF, Milton
Neves, responsável pela investigação, pode pedir prorrogação para mais
cinco dias (30 presos estão nessa situação). Ao todo, são 24 policiais
militares e civis presos. “Faltam cinco pessoas se apresentarem, um cabo
da Polícia Militar e quatro da Polícia Civil, envolvidas nas milícias
que praticavam extorsão e ofereciam segurança clandestina. Do grupo de
extermínio estão todos presos”, informou.
A operação Squadre
desarticulou um grupo de extermínio que atuava na capital e em
municípios da Grande João Pessoa. Integravam o grupo o subtenente da
Polícia Militar Olinaldo Vitório Max, o sargento Erivaldo Batista –
respondeu judicialmente por seis homicídios e foi inocentado pelo júri –
e o cabo Vítor Padro Freire.
1) Extermínio
Grupo
matava em troca de algum tipo de favor, dinheiro ou alguma coisa que os
compensassem de alguma maneira. O valor dependia da situação, mas havia
também troca de favores. O grupo é suspeito da morte de “Betinho”,
ex-presidiário que era procurado pela polícia e do cabo da PM, A.
Santos. Todos estão presos preventivamente (mínimo 30 dias). Um deles,
inclusive, tinha participação na venda ilegal de medicamentos. Os
integrantes presidiários do PB-1 informavam os alvos a serem eliminados
aos integrantes soltos.
Fazem parte:
Ismael Porto do Nascimento (conhecido como Domel presidiário considerado de alta periculosidade);
Leonardo José Soares da Silva (presidiário conhecido como Leo)
Ednaldo Silva dos Santos (presidiário conhecido como Naldinho que tem estreita ligação com Vítor)
Andrilson Luiz de Lima
José Rodrigues da Silva (conhecido como Museu, agente da Polícia Civil)
Vítor Prado Freire (cabo da PM conhecido como Cabelo. Ameaçou o secretário de Segurança Cláudio Lima)
Elinaldo Vitório Max (subtenente da PM)
Erivaldo
Batista (sargento da PM, já respondeu por seis homicídios e foi
inocentado pelo júri. A PF vai investigar ligação do grupo com o júri).
2) Segurança privada
Grupo
mantinha a empresa Fator, que é legalizada na Polícia Federal, mas
usava civis armados e sem preparação para fazer a segurança de empresas e
estabelecimentos comerciais. O grupo também tem envolvimento com a
compra e venda de armas e munições, prática comum nas três milícias.
Fazem parte:
Gutenberg Nascimento (major da PM)
Neubon de Lima Nascimento (capitão da PM e irmão de major Gutenberg)
Jackson Barreto dos Santos (sargento)
Josinaldo (gerente da empresa Fator)
3) EXTORSÃO E ROUBO
Grupo extorquia dinheiro de traficantes, assaltantes de banco e outros criminosos.
Fazem parte:
César Batista Dias (agente da PC)
Esdras Almeida de Oliveira (agente)
Lúcio Flávio de Almeida de Lima (agente)
Eduardo Jorge Ferreira (agente)
Milton Luiz da Silva (agente)
Edilson Araújo de Carvalho (delegado)
Alberto Jorge Dias (delegado)
Ednaldo Adolfo de Sousa (capitão da PM)
Gilberto (comissário)
José de Paula Cavalcanti
Júnior (agente penitenciário)
Empresa fecha nos Bancários
A
reportagem esteve na manhã de ontem na sede da empresa Fator, no bairro
dos Bancários. Um funcionário informou que não havia ninguém
trabalhando. O superintendente da Polícia Federal, Marcello Diniz
Cordeiro explicou que a empresa é registrada. “A empresa era cadastrada
legalmente, tinha seu corpo de vigilantes cadastrados dentro da
regularidade. Mas eles aproveitaram essa legalidade e regularidade e
colocavam os clandestinos, ou seja, civis que eram armados sem nenhum
preparo ou porte de arma. E a maioria não tinha curso de vigilante”,
explanou.
A empresa fazia segurança privada para empresas como
rede de supermercados e postos de gasolina. Marcello informou que os
empresários também serão ouvidos para saber a origem dos contratos e
onde conheceram os seus serviços. O major Gutenberg Nascimento e seu
irmão capitão Neubon Nascimento foram apontados como os ‘donos’ da
empresa, que tinha mais de 200 funcionários, entre vigilantes,
clandestinos, policiais militares e civis.
O grupo também tem envolvimento com a compra e venda de armas e munições.
Preso não é do Detran
Ontem,
o presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Departamento Estadual de
Trânsito (Detran), José Vieira, informou que o homem preso na operação,
identificado como Pablo, não é funcionário do departamento, mas
prestavas serviços para a Corregedoria do órgão e que, ainda, seria
informante da polícia. “Pablo não é e nunca foi funcionário do Detran,
mas sim uma pessoa de confiança do corregedor Wallber Virgolino. Ele não
tinha nenhum vínculo com o departamento. Os funcionários ficaram
indignados porque o caso macula a imagem dos funcionários do órgão”,
esclareceu.
O corregedor Wallber Virgolino confirmou que Pablo
trabalhava no setor, porém como uma espécie de colaborador policial e
que havia ajudado em algumas operações deflagradas pelo órgão. “Ele era
um informante e colaborava com as investigações, mas ele não era
funcionário da corregedoria, nem da minha confiança. Ele, como
ex-proprietário de uma autoescola, prestou informações preciosas à
Corregedoria. O que estão querendo é denegrir a imagem da Corregedoria.
Essa ação não interfere no nosso trabalho. As investigações continuam”,
esclareceu.
Com Portal Correio
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