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24 de fev. de 2011

Mais uma vela para o passado

Usina Presidente Médici, em Candiota, RS. Greenpeace / Lunaé Parracho

A política energética brasileira, uma das meninas dos olhos da presidente Dilma Roussef, deu, menos de um mês depois de ela prometer no discurso de posse o incentivo a investimentos em usinas à base de biomassa, eólica e solar, mais um passo para trás. O Brasil, oficialmente, coloca hoje mais uma termoelétrica movida à combustível fóssil em funcionamento em Candiota, Rio Grande do Sul. Trata-se da usina Presidente Médici, ou Candiota III como prefere, por óbvias razões, o atual governo. A usina, parte de um complexo de seis térmicas semelhantes, funciona a carvão, considerado uma das fontes mais poluentes de energia.
Candiota III é o terceiro tropeço do recém-empossado governo na área de energia em menos de um mês de vida. O primeiro foi o anúncio de um plano para construir 11 megahidrelétricas na Amazônia. O segundo, mais recente, a brutal forçada de barra para que o Ibama desse algum tipo, aliás qualquer tipo, de selo de aprovação à construção da usina de Belo Monte. E agora, Candiota III. Juntando os fatos, pode-se muito bem supor que o discurso de Dilma na sua posse, com declarações fortes em favor das energias renováveis, foi apenas papo. “Candiota III é um monumento à geração energética do passado”, diz Ricardo Baitelo, coordenador da campanha de Energias Renováveis do Greenpeace.
Movida a carvão – o menos nobre e mais poluente dos combustíveis fósseis – Candiota III promete gerar 350 MW de energia deixando um rastro de emissões de gases responsáveis pelo efeito estufa que ameaçam a saúde humana e a estabilidade do clima do planeta. A usina deve garantir uma energia firme de 315 MW e a produção de 2,76 milhões de MWh por ano. Considerando a emissão média de 1 tonelada de CO2 por MWh típica de térmicas a carvão, obtém-se o espantoso montante de 2,76 milhões de toneladas de CO2 emitidos por ano. Na prática, toda essa numerália significa que uma única usina – responsável por pouco mais de 0,5% da energia gerada atualmente no Brasil - contribuirá com o aumento de 10% das emissões atuais

do setor elétrico.

Isso, sem incluir a mineração de carvão necessário à alimentação de seus geradores, uma atividade que comprovadamente causa impactos nocivos ao lençol freático e ao solo. Dilma, fiel ao bordão do governo, provavelmente dirá que Candiota III serve para garantir a segurança energética do país, assegurando que teremos energia para continuarmos a nos desenvolver. É uma lenda.
De acordo com o cenário Revolução Energética, lançado pelo Greenpeace na COP 16, em Cancun, o potencial de energia eólica e biomassa e solar poderá atender a boa parte da expansão energética brasileira prevista com o crescimento econômico das próximas décadas. A matriz elétrica de 2050 seria, portanto, uma mescla entre o parque hidrelétrico já instalado, com forte participação de eólicas e cogeração a biomassa e geração solar centralizada e distribuída. Além dos óbvios benefícios ambientais, os ganhos seriam sociais, com a geração de empregos verdes, e econômicos, com a redução de gastos de combustíveis fósseis para alimentar termelétricas.
Não há lugar para termelétricas a carvão e nucleares nessa matriz. Este tipo de usina é considerada inflexível ou de operação ininterrupta e não se adapta, portanto, a um modelo que privilegia à conjunção da disponibilidade momentânea de cada uma das renováveis. O relatório “A Batalha das Redes” lançado na semana passada pelo Greenpeace, mapeia o sistema de redes necessário para conectar a geração de energias renováveis na Europa e tornar a matriz dessa região 100% renovável e independente de fontes sujas até 2050.
“Se a Europa, continente de grande geração fóssil, pode realizar essa tarefa até meados deste século, o Brasil, que já conta com uma matriz mais de 80%, tem todas as condições para chegar lá antes disso”, afirma Baitelo. A privilegiada situação brasileira de potencial renovável permite que apostemos na conjunção entre os regimes de geração das diferentes formas de energias renováveis, que pode perfeitamente atender à demanda nacional de forma segura.
Em suma, a presidente está chancelando um empreendimento baseado em um modelo energético do século retrasado. Mas se quiser se redimir, ainda terá a oportunidade de cumprir parte do que prometeu no ato da posse e tirar o projeto de lei de energias renováveis – PL 630 - do limbo na Câmara dos Deputados em fevereiro.

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