Ações de mulheres como a agricultora paraibana Sara Maria Constâncio, de 36 anos, fazem toda a diferença quando o assunto é a agricultura familiar frente à escassez de água nas regiões do semiárido brasileiro. Moradora há 14 anos do Assentamento São Domingos, na zona rural de Cubati, Sara é casada e tem três filhos, obtendo da agricultura o sustento de toda a sua família. "Nos períodos da seca é difícil plantar e ter água suficiente para o consumo e para os animais. Como em nossa região chove pouco, a gente precisava de outras alternativas", enfatiza a agricultora, que possui cisterna e reutiliza a água do consumo doméstico para irrigação de sua horta.
Sara é uma das 70 mil mulheres agricultoras da Paraíba, segundo registros da rede Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), que agrega mais de três mil organizações que trabalham para o desenvolvimento de políticas de convivência com a região semiárida brasileira. A chegada das tecnologias sociais de armazenamento de água da chuva, como as cisternas, sejam de água para beber ou para produção de alimentos, modificaram a vida de muitas dessas mulheres, que lutam e se destacam no cenário agrícola nacional.
Pensando nisso, a ASA trouxe para o Estado o I Encontro Nacional de Agricultoras Experimentadoras, realizado até ontem na cidade de Lagoa Seca, na Paraíba. Contando com 2 dias de programação, o evento reuniu mais de 100 mulheres agricultoras de todo o Nordeste e do norte de Minas Gerais. Segundo Glória Batista, coordenadora da ASA Paraíba, o Estado chamou atenção pela quantidade de mulheres que estão empenhadas com a agricultura familiar e, principalmente, com a escassez de água na Região.
“Com esses encontros pretendemos dar visibilidade às mulheres agricultoras, já que são elas que garantem a melhoria da saúde na família, o aumento da disponibilidade da água e a valorização das práticas produtivas disponíveis através do governo federal”, afirma Glória. Ainda sobre a importância dessas reuniões, a agricultora Sara enfatizou que antes não existiam as feiras de agricultura familiar na região. "Recentemente já realizamos a 8ª feira em Cubati, por enquanto ela é mensal. Mas em Soledade e Juazeirinho elas serão quinzenais e começaram a ocorrer graças aos nossos esforços", pontuou.
MELHORIAS NO SEMIÁRIDO
O semiárido conta com aproximadamente 6 mil tecnologias sociais de água tanto para produção quanto para consumo próprio, entre elas está a construção de cisternas do tipo calçadão, cisternas de enxurrada, cisternas de placa, barreiras do tipo trincheira, barragens subterrâneas, tanques de pedras, poços amazonas, entre outros.
Durante o evento, foram realizadas visitas de intercâmbio com o intuito de socializar informações a respeito do manejo de água nos quintais e a diversificação produtiva dos arredores de casa, o que proporcionou a integração e troca de experiências.
JP Online
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