O cabo da Polícia Militar Sergio Costa Júnior, réu confesso no processo
da morte da juíza Patricia Acioli, foi condenado a 21 de prisão por
homicídio triplamente qualificado - motivo torpe, mediante emboscada e
para ocultar crimes anteriores - e formação de quadrilha. Ele foi beneficiado pela delação premiada tendo sido reduzida a pena total em um
terço.
Na sentença, o juiz Peterson Simão, da 3ª Vara Criminal de Niterói, na
Região Metropolitana do Rio, considerou o crime de "extrema ousadia" e
muita "gravidade". "As declarações dele contribuíram para as descobertas
do crime [..] todavia a redução da pena será fixada no valor mínimo",
disse o juiz, sobre o benefício da delação premiada.
A magistrada foi morta em 2011, com 21 tiros, quando chegava em casa,
em Piratininga, Niterói. Ela já havia condenado PMs e estava responsável
por julgar casos de supostos autos de resistência, cujos investigados
também eram policiais.
Além de Sérgio, outros 10 PMs são réus no processo, incluindo o então
comandante do 7º BPM (São Gonçalo), Cláudio Luiz de Oliveira. O batalhão
fica na mesma comarca, na qual a juíza atuava.
Parentes protestam em porta de fórum
Mais cedo, parentes de Patricia Acioli colaram cartazes na grade do
Fórum de Niterói. A família confeccionou faixas, utilizando as cores
azul e branco, as mesmas tonalidades da bandeira do Rio de Janeiro, com a
frase "faxina geral na PM".
No meio do cartaz foi colocada a foto de Patrícia, ao lado dos nomes
dos 11 policiais militares acusados de participar do assassinato.
Às 13h30, teve início a fase de debates entre acusação e defesa no
julgamento de Sérgio Costa Júnior. O promotor do caso, Leandro Silva
Navega, apresentou aos jurados o vídeo de uma reportagem do Fantástico,
exibida após o assassinato da magistrada, que mostra de que forma
atuavam quadrilhas formadas por policiais militares de São Gonçalo, na
Região, Metropolitana, município onde a juíza atuava.
“Patricia decretou a prisão desses policiais naquele dia e, por isso,
eles a executaram dessa maneira cruel. E o coronel [Cláudio Oliveira,
então, comandante do 7º BPM (São Gonçalo)] tinha conhecimento disso e
não fez nada”, disse em seu discurso, o assistente de acusação Técio
Lins e Silva.
Crime
Em seu depoimento, o cabo da PM Sérgio afirmou que teria dado cerca de
15 tiros no carro onde a juíza estava. Ainda segundo ele, no dia 11 de
agosto de 2011, quando já havia rumores de que Patrícia Acioli
decretaria a prisão dos envolvidos em um auto de resistência de um menor
de idade, o grupo decidiu executar o plano de matar a magistrada.
Quando Sérgio e o tenente Daniel Benitez aguardavam pela saída da juíza
do fórum, teriam visto nas redondezas o carro da advogada Ana Cláudia
Abreu Lourenço, defensora de alguns suspeitos do assassinato do menor.
Foi então que Benitez ligou para a advogada e recebeu a notícia de que a
prisão deles havia sido pedida.
Envolvimento de comandante
Questionado pelo promotor Leandro Navega, Sérgio admitiu que ele e o
tenente Daniel Benitez não executaram a juíza no caminho para não serem
flagrados por câmeras. "E se fosse em São Gonçalo ia chamar a atenção
para a gente, pois trabalhamos lá".
O cabo também voltou a dizer que no dia em que chegaram à Unidade
Prisional da PM (BEP), eles receberam a visita do tenente-coronel
Cláudio Luiz Oliveira, que teria dado força ao grupo. "Depois, ele
(Cláudio) ficou só com o Benitez. À tarde, quando o Benitez veio
conversar com a gente, falou que tinha dito ao tenente-coronel que
executou a juíza com ajuda de milicianos", afirmou Sérgio. Para o
assistente de acusação Técio Lins e Silva, o depoimento do cabo deixa
evidente o envolvimento do tenente-coronel no homicídio.
No final do depoimento, que durou cerca de uma hora e meia, o réu disse
ter se arrependido muito de tudo o que havia feito, tanto para sua
própria família, como para a família da juíza."No dia que cheguei em
casa chorei muito. Tenho muito arrependimento e tenho que pagar pelo que
fiz".
Outros acusados
Os réus Junior Cezar de Medeiros, Jefferson de Araújo Miranda e Jovanis
Falcão Junior serão julgados no dia 29 de janeiro de 2013, também às
8h.
O juiz Peterson Barroso Simão também decidiu desmembrar o processo em
relação aos outros sete acusados, incluindo o tenente-coronel Claudio
Luiz de Oliveira, acusado pelo Ministério Público de ser o mandante do
crime.
Ele e o tenente Daniel Benitez estão no presídio federal de Campo
Grande, no Mato Grosso do Sul. Os demais estão presos na cadeia pública
Pedrolino Werling de Oliveira, conhecida como Bangu 8, no Complexo
Penitenciário de Bangu, na Zona Oeste do Rio.
De acordo com o Tribunal de Justiça do Rio, os demais acusados aguardam
o julgamento de recursos contra a sentença de pronúncia. Os recursos
serão julgados pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) e Supremo
Tribunal Federal (STF).
Com G1

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