De acordo com Superintendência Regional do Trabalho, entidade tentou impedir fiscalização.
Uma auditoria da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego
(SRTE) constatou uma série de irregularidades no Hospital de Emergência e
Trauma de João Pessoa. Entre os problemas detectados está a violação da
legislação trabalhista por parte da Cruz Vermelha, que administra a
unidade hospitalar. Os auditores também acusaram a organização social de
dificultar a fiscalização.
As informações foram confirmadas através de nota pela assessoria do
Ministério Público do Trabalho, na tarde desta terça-feira (14). Para o
procurador-chefe do Trabalho na Paraíba, Eduardo Varandas, os problemas
podem comprometer os serviços do Trauma. Ele vai conceder uma entrevista
coletiva às 15h para detalhar os resultados do relatório.
De acordo com o levantamento dos auditores, existem, no órgão, pelo
menos 81 trabalhadores terceirizados prestando serviços de saúde
(atividade-fim), contra apenas 35 efetivos e seis cooperados (médicos,
enfermeiros, radiologistas etc). No geral, o montante de terceirizados
pela Cruz Vermelha chega a 870 empregados ativos.
A auditoria detectou flagrantes violações à lei trabalhista, como
atraso no recolhimento do FGTS, fichas de registro de empregados não
formalizadas, carteiras de trabalho sem anotações, carteiras de trabalho
anotadas e não devolvidas aos empregados no prazo legal, termos de
rescisão de contrato sem comprovação de quitação, celebração de contrato
de trabalho na modalidade experiência sem amparo legal, cargos
divergentes nas anotações da mesma carteira de trabalho (um cargo na
admissão, outro nas anotações gerais).
“A avaliação técnica preliminar da SRTE só veio comprovar que a saúde
pública passa por uma crise sem precedentes. Pululam ilegalidades de
todas as ordens, às vistas dos órgãos de controle estatal. Não existe
base legal para o malsinado contrato de gestão pactuada. Ocorre completo
desvirtuamento das parcerias com o terceiro setor, resvalando para um
sistema ineficiente, oficioso e criminoso de privatização da saúde
pública”, avaliou o procurador-chefe.
Os auditores, no relatório, acusaram a Cruz Vermelha de dificultar a
fiscalização do trabalho, por parte da diretora multidisciplinar, que
retardou a verificação física da SRTE, que só foi possível depois de
“vasta argumentação” com o diretor financeiro, Saulo Fernandes, chamado
ao local.
A inspeção também detectou dubiedade no Cadastro Nacional de Pessoa
Jurídica da Cruz Vermelha e que, no cadastro específico do INSS (CEI),
no endereço registrado para a entidade, funciona um escritório de
contabilidade privada, o Advanced.
Ainda se verificou desvio de função, quando se constatou professora
efetiva do Estado exercendo a função de enfermeira desde agosto de 2011,
sem ter prestado concurso para tal fim.
Providências do MPT
O procurador-chefe do Trabalho, Eduardo Varandas, estabeleceu prazo
de 10 dias para a Secretaria de Saúde apresentar cópia do Contrato de
Gestão Pactuada e todos os atos administrativos que acarretaram a
contratação da Cruz Vermelha.
Ele também determinou o encaminhamento das ilegalidades já detectadas
à Receita Federal do Brasil, ao Ministério Público Federal, ao Tribunal
de Contas da União, ao Tribunal de Contas do Estado, à Promotoria da
Saúde e ao Ministério da Saúde em Brasília. “Não vamos permitir tamanha
afronta aos direitos indisponíveis da população carente deste Estado”,
concluiu Varandas
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe seu comentário. Sua opinião é muito importante para o blog.