Coletiva aconteceu na sede do Sport, no Recife, onde atleta chegou à tarde.
Dirigentes do clube e advogado do jogador acompanham tudo.
Marcelinho Paraíba reafirma inocência em coletiva na sede do Sport (Foto: Katherine Coutinho / G1) |
Em entrevista coletiva na tarde desta quarta-feira (1º), na sede do
Sport Clube do Recife, o jogador Marcelinho Paraíba reafirmou sua
inocência em relação à acusação de tentativa de estupro, alegando que só
soube do que se tratava quando chegou à delegacia de Campina Grande. O
jogador garante que conhecia a vítima apenas de vista. "Não tinha nenhum
relacionamento com essa mulher, já tinha visto ela junto com ele [o
irmão, o delegado Rodrigo Pinheiro], mas não tínhamos relacionamento
nenhum", disse.
Marcelinho participou da entrevista acompanhado do advogado, Afonso
Villar, do executivo de futebol do Sport, Cícero Souza, e do diretor de
futebol do clube, Wanderson Lacerda. "Primeiramente, queria pedir
desculpas às crianças e à torcida do Sport. Essa acusação não procede.
Que isso aí sirva de lição para mim e para outras pessoas também",
afirmou. O jogador pretende voltar a Campina Grande, independentemente
desse ocorrido. "Eu amo minha cidade, minha família e não tenho por que
não voltar", disse.
O executivo de futebol leonino também comentou o caso. "Nós temos
obrigação de defendê-lo. Quem teve a oportunidade de conviver com ele
diariamente, como eu, sabe que ele tem caráter, ética e jamais faria
algo que pudesse denegrir tanto a imagem dele quanto a do clube", disse
Cícero Souza.
A posição do atleta e do clube é encerrar o caso com essa entrevista
coletiva. "Quero esquecer esse assunto, para mim, é página virada. Só
vim para essa coletiva para contar a minha história" afirmou Marcelinho.
Lacerda endossou: "Não vamos mais tratar desse episódio negativo de um
profissional da bola que é também um pai de família", disse o diretor de
futebol, reafirmando que o clube não vai voltar a falar do assunto.
Marcelinho Paraíba falou, ainda, sobre as horas que passou na prisão.
"É chato, ainda mais para mim, que nunca nem passei na porta de uma
prisão. Não tive regalia alguma, estive lá como um preso normal",
explica Marcelinho.
"A contar de ontem, a Justiça paraibana tem 30 dias para concluir a
investigação", informou o advogado Afonso Villar. "Em vinte anos como
advogado em Campina Grande, eu nunca tinha visto um interesse tão grande
em lavrar um laudo e encaminhar um preso para o presídio", disse
Villar, que acredita que um 'corporativismo da polícia' teria motivado a
ação.
Entenda o caso
Marcelinho Paraíba foi preso, na madrugada de quarta-feira (30), sob a
acusação de tentativa de estupro, desacato à autoridade e resistência à
prisão. Com outros amigos, ele participava de uma festa em Campina
Grande (PB), terra natal do jogador, para comemorar a boa campanha do
atleta na Série B deste ano. Ele marcou 12 gols pelo Sport e foi peça
determinante para o acesso do clube à Série A.
Por volta das 4h30, Marcelinho teria tentado beijar uma mulher cuja
identidade foi preservada. Ela é irmã de Rodrigo Rego Pinheiro, delegado
de Polícia Civil. Os advogados do jogador confirmam a tentativa de
beijo, mas disseram que o atleta não passou disto.
O irmão da vítima, no entanto, que foi quem chamou a polícia e formulou
a acusação, diz que Marcelinho Paraíba passou para a agressão diante da
recusa da mulher em beijá-lo. Ele teria puxado o cabelo dela e a
mordido. O irmão diz ainda que ele tentou estuprá-la.
Preso em flagrante, o jogador foi levado à 2ª Superintendência Regional
de Polícia Civil de Campina Grande, onde prestou depoimento. Como o
crime de estupro é inafiançável, por volta das 12h30 ele foi levado à
Penitenciária Padrão do Serrotão. Ele ficou numa cela comum de 20 metros
quadrados, com outros sete presos de menor periculosidade (homens
detidos por atraso no pagamento de pensão alimentícia).
O alvará de soltura foi assinado pelo juiz titular da 5ª Vara Criminal
de Campina Grande, Paulo Sandro de Lacerda, perto das 17h30. Ao todo, o
atleta ficou cerca de cinco horas detido.
Essa não é a primeira vez que Marcelinho Paraíba se envolve em
polêmicas. Em janeiro de 2010, ele foi condenado a seis meses de prisão
em regime semi-aberto, acusado de agredir um homem em uma casa de shows
de Campina Grande, em junho de 2004. Tal como agora, o atleta estava em
sua cidade natal, comemorando o final da temporada esportiva - na época,
ele jogava no futebol europeu, cujo calendário termina no meio do ano.
Dois anos antes, em 2002, houve a primeira confusão grave: Marcelinho
foi detido aparentemente bêbado, dirigindo em alta velocidade, na
Alemanha. Depois, já como atacante do Wolfsburg, também no país europeu,
ele foi acusado de se envolver em uma briga numa boate de Berlim, em
que teria quebrado uma garrafa de cerveja no rosto de um cliente.
G1 PB
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